Ontem eu completei 5 anos trabalhando na mesma empresa. Esse é o maior período que passei numa mesma empresa desde que comecei a trabalhar com carteira assinada (trabalho desde os 10 anos e esse ano acabei de completar 30).

Como alguns sabem, trabalho para uma empresa do Governo. Ao contrário do que alguns pensam, não sou funcionário público mas sim empregado de empresa pública o que não me dá certas vantagens do primeiro grupo.

De forma geral a empresa é boa mas, como qualquer empresa, tem seus problemas. Mas não quero falar da empresa e sim do meu trabalho.

Desde 2001 trabalho com desenvolvimento de sites e sistemas para a Web. Minha primeira linguagem foi PHP e com ela desenvolvi vários projetos. Até hoje é minha linguagem preferida para desenvolvimento de aplicações Web.

Quando entrei na empresa (em 2005, em Brasília) os meus primeiros projetos foram desenvolvidos usando Python, Zope e Plone. Esse é o conjunto de ferramentas que a empresa escolheu para desenvolver seus sites (ou no jargão da empresa: portais). Adorei a linguagem Python, tanto que ainda hoje a utilizo sempre que posso. Tive péssimas experiências com Zope/Plone. Considero que os maiores problemas com esses dois é a falta de documentação e a comunidade arrogante (especialmente a brasileira).

Em 2007 me mudei para Curitiba mas continuei na empresa. Continuei trabalhando com Python, Zope e Plone. Até que em 2008 comecei a trabalhar com Java.

Minha experiência anterior com Java era mínima (conhecia a sintaxe). A empresa deu alguns cursos básicos e comecei a trabalhar com alguns frameworks em um projeto. Não sei se é a metodologia ou se são os frameworks utilizados mas eu detestei trabalhar com Java. Minha experiência anterior com PHP, Python e alguns experimentos em Ruby com Rails me fizeram ter uma enorme sensação de improdutividade com Java. Em uma palavra achei Java "burocrática".

Desde o ano passado, no entanto, consegui inserir um projeto em PHP no meu cotidiano. A empresa nunca adotou o PHP como sendo uma linguagem para desenvolvimento formal, mas também não é proibida. Assim usei o CakePHP para desenvolver esse projeto que, começou local mas hoje é usado em toda a empresa. O projeto inteiro foi feito por apenas um programador: eu. Esse ano tem sido, sem sombra de dúvida, o meu ano mais produtivo dentro da empresa.

No entanto hoje recebi a notícia de que não mais trabalharei nesse projeto (ainda não há uma data para um repasse). Por uma visão que, na minha opinião, é completamente bizarra, a empresa separa os projetos por regional e em cada regional só utiliza um conjunto restrito de tecnologia. PHP não está entre as linguagens/tecnologias que a regional de Curitiba utiliza. Assim sendo terei que repassar o projeto a outra equipe de outra regional.

Com essa visão sobraram 3 tecnologias que a regional utiliza: Java, ASP e Natural (mainframe). E agora José? Bom agora vou ter que me encaixar numa dessas categorias ou pedir transferência para uma área de infra-estrutura (montagem de micros, rede, suporte a usuário).

Nenhuma dessas opções me parece razoável. Voltar ao Java ou, pior, trabalhar com ASP, vai tornar minha vida miserável. Então tomei uma decisão que já vinha precisando tomar: vou procurar outro emprego.

Não vou pedir demissão, afinal tenho família para sustentar e não posso sair da empresa para curtir uma de desempregado. Vou preparar meu currículo e começar a mandar para empresas que considero sólidas e que observo como sendo empresas que possuem desafios interessantes.

Não quero fazer um trabalho maçante e repetitivo. Quero desafios reais, coisas que usem tecnologia nova e que, de alguma forma, mudem o mundo. Quero ter meu trabalho reconhecido e valorizado. Quero desenvolver meu potencial e realizar coisas que, tenho certeza, sou capaz.

Trabalhar para o Governo pode te trazer uma segurança e uma sensação de estabilidade. O salário pode ser bom e você pode não precisar se esforçar muito. Mas na hora que você vê todo seu potencial desperdiçado bate um certo arrependimento e, no meu caso, um desespero.

Não quero isso para mim. Quero mostrar a que vim e quero isso logo. O tempo passa muito rápido e não quero me tornar um velho ressentido por aquilo que não fiz (seja por falta de coragem, preguiça ou qualquer outro motivo).

Sei que vai ser uma mudança difícil, mas não tenho medo de trabalho. Nunca tive, e não vai ser agora que vou ter.